ATA DA QUADRAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 14-9-2000.

 

 


Aos quatorze dias do mês de setembro do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta e um minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o Esporte Clube Comerciário Campo Branco, nos termos do Requerimento nº 094/00 (Processo nº 1523/00), de autoria da Vereadora Maristela Maffei. Compuseram a MESA: o Vereador Adeli Sell, presidindo os trabalhos; o Senhor Ermínio Vivian, representante do Esporte Clube Comerciário Campo Branco; o Tenente Marcelo de Abreu Fernandes, representante do Comando-Geral da Brigada Militar; a Vereadora Maristela Maffei, na ocasião, Secretária “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra à Vereadora Maristela Maffei que, em nome das Bancadas do PT, PTB, PDT, PPB, PMDB, PSB e PFL, reportou-se às origens do Esporte Clube Comerciário Campo Branco, formado por iniciativa de migrantes do interior do Estado que se transferiram para Porto Alegre em busca de formação profissional e trabalho, trazendo seus costumes e tradições. Também, discorreu sobre as atividades desenvolvidas pela entidade homenageada, destacando o espírito de cooperação presente entre seus integrantes. A seguir, o Senhor Presidente convidou a Vereadora Maristela Maffei a proceder à entrega, ao Senhor Ermínio Vivian, representante do Esporte Clube Comerciário Campo Branco, de Certificado alusiva à presente homenagem, concedendo a palavra a Sua Senhoria, que agradeceu a homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao Esporte Clube Comerciário Campo Branco. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e dois minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Adeli Sell e secretariados pela Vereadora Maristela Maffei, como Secretária “ad hoc”. Do que eu, Maristela Maffei, Secretária “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Estão abertos os trabalhos da presentes Sessão Solene, destinada a homenagear o Esporte Clube Comerciário Campo Branco. Convidamos para compor a mesa o Sr. Ermínio Vivian, homenageado; o Tenente Marcelo de Abreu Fernandes, representante do Comando Geral da Brigada Militar; a Ver.ª Maristela Maffei, proponente da homenagem.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra, como proponente, e falará em nome do Partido dos Trabalhadores e do PTB, PDT, PPB, PMDB, PSB e PFL.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Gostaria de dizer que esse é um momento muito especial, porque não dá para falar apenas de um clube social. É preciso nos reportarmos à história que nos identifica, de onde viemos, a nossa origem. E quem não lembra de Campo Branco e também dos arredores, Progresso, Bativira, Vila Fão, São Luiz, tantos outros lugares onde cada um de nós nasceu. Quem não lembra do moinho, onde o Sr. Aleixo trabalhava, carregava nas costas de um burro ou mula ou de um cavalo alimentação para seus filhos? Quem não lembra do Sr. Genuíno, lá em Constantino com a sua venda - que aqui chamamos de supermercado, mas lá era dessa forma que se identificava -? Quem não lembra dos Poletto? E queria citar as famílias que estão aqui: os Sbrusci, Rodrigues, os Vargas, Carlesso, a minha família Maffei, Pagliarini, Vivian, Guera, Poletto, De Paoli, Zortea, Knipoff, Pretto, Soletti e tantas outras famílias que não puderam estar aqui. Quem não lembra da igreja, do campo, da escolinha tão pequena, mas onde os filhos das pessoas que estavam ali estudavam. Eu lembro de cada pedra, mas eu tenho o maior orgulho de ter nascido em Campo Branco, porque as nossas origens são anteriores a isso, os nossos pais, as nossas mães são imigrantes que vieram nos porões dos navios da Itália, provavelmente, nenhum em primeira classe, e foram parar naquela região, alguns ficaram em São Paulo, outros ficaram em outros locais do nosso País, em outros Estados e nós fomos parar em Campo Branco. Muito morro, muita pedra, mas uma comunidade que, por meio da sua fé cristã, se encontrava aos domingos, e nós que quase todos só tínhamos uma roupa boa, aquela que íamos para a missa, ou uma conga com a qual nós íamos estudar, sabemos o quanto os nossos avós, os nossos bisavós, os nossos pais trabalharam para que pudéssemos ter uma vida mais digna. Um dia, por causa do sistema, alguns, porque queriam ter uma vida melhor, tivemos que migrar, e viemos para Porto Alegre. Cada um sabe da dificuldade que teve, cada um sabe onde o calo pisou mais fundo, e cada um cala profundamente no seu coração essas dificuldades. Com certeza, sei das minhas, e sei quanto o meu pai e a minha mãe tiveram que lutar para chegarmos em algum lugar neste País, um País rico, lindo, mas um País de tanta injustiça social. Essa italianada, brava, lutadora, não se entregou por causa disso, lutou, alguns botaram comércio, o meu pai até botou comércio, mas era bom demais, acabamos falindo, mas falimos no comércio, não na vida, na dignidade. E eu sei, Sr. Aleixo e Dona Gema, quanto vocês quiseram aquela sociedade. Talvez, as pessoas não compreendam o Esporte Clube Comerciário Campo Branco, mas elas hão de compreender, porque este momento esta passando para todo o Estado do Rio Grande do Sul, no Canal 16, o quanto significa quando as pessoas têm uma origem, quando as pessoas estão dentro de uma comunidade, manter unida essa tradição, manter esse vínculo. Foi com esse sonho e com esse ideal que esse casal, junto com tantos outros que aqui citei, tornaram realidade. Lá da roça, carpindo para sobreviver, depois aqui em Porto Alegre, também para sobreviver, lutaram para que as famílias, sem distinção social, pudessem continuar presentes, pudessem estar dentro de uma organização, pudessem continuar jogando mora, pife-pafe, canastra, futebol, pudessem ter a sua missa, pudessem dançar, brincar e, às vezes, ocorrem briguinhas no campo, mas a italianada é assim mesmo, gritam, xingam, mas depois fica tudo bem, ficam todos unidos, todos com o mesmo ideal. Esses princípios a gente nunca esquece.

Eu tenho hoje o maior orgulho de, enquanto Vereadora da Capital do Estado do Rio Grande do Sul, dizer que me sinto um pouco como se vocês fossem a minha família. Por que digo isso? Porque me identifico no rosto de cada um, eu sei que vocês conhecem muito mais o meu pai do que a mim, e tenho orgulho disso, porque eu amo esse careca e amo a minha mãe que não pôde estar aqui hoje. Eu sei que eles, por intermédio de vocês, continuaram o elo da nossa família. Esses valores a gente não pode perder no caminho, porque os valores da fraternidade e da solidariedade é que fizeram com que esse Clube tivesse a persistência, o vigor e a grandeza que ele tem hoje.

Hoje, nós temos como Presidente essa pessoa que todos nós reconhecemos como uma pessoa especial, que é esse casal maravilhoso, que é a Dolores e o Ermínio. Nós também sabemos que daqui a pouco vamos piscar os nossos olhos e ter aquele clube duplicado e triplicado na sua extensão e cada vez mais agregando aquela comunidade, e as pessoas querem ir lá, muito mais que aqueles que nasceram lá fora, as pessoas gostam daquele lugar, porque muito mais do que as coisas materiais que estão naquele local, há essa virtude desse calor de recepcionar, é uma característica da italianada de Campo Branco, que é essa maneira gostosa de querer recepcionar, que é essa vontade de continuar família. Esse é um exemplo para o nosso País, talvez as pessoas não compreendam isso. Se todo o nosso País, se todos os políticos, se todas as instituições seguissem o exemplo da cumplicidade, da honradez e do espírito de cooperação que há naquele lugar, provavelmente não teríamos tantos problemas sociais de violência, de desemprego, de desarmonia.

Por fim, senhoras e senhores, meus companheiros, minhas companheiras, essa gente, que lá da Itália imigrou para o Brasil, e nós que somos também filhos de imigrantes italianos, migramos de Lajeado, de Campo Branco, para Porto Alegre, para estar a serviço desta sociedade, para dar o exemplo do que é persistência, do que é luta.

Nós, muitas vezes, tínhamos que doar um pão assado para o vizinho do lado. Isso, nós aprendemos. E, aqui, nós buscamos o exemplo do Clube, que é o de continuar esse espírito de solidariedade, de darmos as mãos e não ficarmos espalhados, porque essa selva de pedra nos maltrata muito, separa os filhos. É um sistema individualista. O sistema capitalista é um sistema individualista. Mas, nós somos resistentes e acreditamos em uma sociedade solidária.

Aqui, como Vereadora, quero dizer que faço o possível para estar à altura de vocês, para honrá-los, para que vocês não tenham, nesta pessoa, qualquer motivo de desgosto, porque sei que também os estou representando e é motivo de profundo orgulho no meu coração. Penso que isso tem muito a ver com a nossa unidade. Como sou do PT e tenho por filosofia o socialismo, quero dizer que a italianada também trouxe para o Brasil o espírito de luta sindicalista. Talvez isso seja uma coisa que nos agregue, porque é aquela coisa da batalha, de estar à frente, de não desistir, que, quando a fome bateu, nós continuamos lutando. Quando a mãe teve que deixar de botar leite no café, ela botava um pingo de leite no café dos filhos. É assim a mãe italiana. Não é Dona Gema? É assim a mãe italiana, aquela mãe que fez e faz a comida até hoje, esperando os filhos.

Que pena, hoje, o Sr. Antônio Knipoff não está aqui; a madrinha e o padrinho Poletto; a madrinha e o padrinho Ferri e tantos outros que eu amo de coração. Mas, com certeza, no dia 20, Ver. Adeli Sell, nós estaremos no Esporte Clube Campo Branco, fazendo uma grande confraternização, porque os comerciantes não podem estar todos, hoje, aqui, mas, naquele dia, eles estarão, e nós continuaremos fazendo a festa.

Finalizando, quero dizer a vocês que muito mais do que uma eleição, muito mais do que essa homenagem, é o que eu sinto por vocês; saudade, carinho, respeito e amor; amor por uma terra que cada um de vocês fez honrar aqui, na Capital do Estado do Rio Grande do Sul, do seu jeito, com o vigor que impõem, com honradez, acima de qualquer coisa, da diferença ideológica, da diferença dos partidos, mas com a nossa tradição, a nossa amizade e a convicção de um futuro muito melhor. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Solicito à Ver.ª Maristela Maffei que, em nome desta Casa, proceda à entrega de um Certificado para o Esporte Clube Comerciário Campo Branco.

 

(Procede-se à entrega do Certificado.) (Palmas.)

 

Peço licença à Ver.ª Maristela Maffei para uma pequena quebra de protocolo, para dizer que, quando eu conheci Campo Branco, eu tive a impressão de estar no topo do mundo. V. Ex.ª falou coisas encantadoras de Campo Branco, e eu percebi que V. Ex.ª se esqueceu de citar algo que me pegou muito de perto, que foi a cancha de bocha. Peço perdão por essa pequena correção, e quero dizer que esta homenagem não está, apenas, hoje, na TV Câmara, mas, a partir desta semana, estará à disposição na Internet. Portanto, Campo Branco está no mundo.

O Sr. Ermínio Vivian está com a palavra.

 

O SR. ERMÍNIO VIVIAN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Vivemos num universo globalizado, onde as transformações ocorrem rapidamente; em poucos segundos nós obtemos informações econômicas, políticas, religiosas e sociais das mais diversas que estão acontecendo do outro lado de nosso planeta. Por isso, obrigamo-nos a estar atentos, sermos ágeis para conseguir competir e garantir a nossa sobrevivência. Isso nos leva, cada vez mais, a convivermos com o mundo da informática e menos com as pessoas, fazendo-nos esquecer de nossos hábitos, cultura e religião. No entanto, sabemos que não podemos viver isoladamente, uma pessoa depende de outra, só é feliz aquele que tiver um espírito associativo e viver em sintonia com a sua sociedade. Foi com esse intuito que nasceu o Esporte Clube Comerciário Campo Branco.

No final da década de sessenta e início da década de setenta, deixamos Campo Branco, até então Distrito de Lajeado, hoje, Distrito de Progresso, rumo a Porto Alegre. Viemos estudar, trabalhar e tentar uma melhor sorte. Dispersos nesta grande Cidade, sentimos falta dos nossos hábitos, das nossas amizades e do espírito comunitário, puro e simples do interior. Nos encontros familiares, começamos a planejar como poderíamos manter vivos esses hábitos, que aprendemos com nossos pais e avós. A idéia foi amadurecendo, até que em 1988 fundamos o Esporte Clube Comerciário Campo Branco, com sede na Avenida Frederico Dilh, 711, em Alvorada, na divisa com Porto Alegre.

Nosso patrimônio compreende uma área de 4ha. Possuímos salão de eventos para seiscentas pessoas, onde são realizados bailes, missas, jantares e festas das mais diversas. Também possuímos uma quadra de esportes, campo de futebol, bocha e estamos prestes a inaugurar um ginásio de esportes polivalente com 2.200m2. Mas o nosso maior patrimônio são os cento e vinte e dois sócios titulares que, junto com seus dependentes, somam aproximadamente seiscentas pessoas.

A riqueza que possuímos é o espírito de paz e alegria de um povo simples e vencedor, pois ao longo desses doze anos já realizamos mais de cem eventos, reunindo associados, empresas e comunidade da Grande Porto Alegre, sem usarmos um segurança sequer.

Hoje nos sentimos honrados e parabenizados por esta linda homenagem, que servirá como estímulo para darmos continuidade aos nossos ideais. Quero agradecer a todas as diretorias que passaram pelo Clube, aos associados, às empresas, a todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, colaboraram com a nossa entidade e, em especial, à minha família, meus pais que foram os pioneiros da idéia. Agradeço à Câmara de Vereadores de Porto Alegre e, especialmente, à Ver.ª Maristela Maffei, autora dessa homenagem, e quero aproveitar esta oportunidade para convidar todos os presentes para um jantar de confraternização a ser realizado em nossa sede social, no dia 20 de setembro, às 20h. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): Queremos dizer ao Sr. Vivian, aos dirigentes do Esporte Clube Comerciário Campo Branco, à Ver.ª Maristela Maffei, ao nosso Tenente que representa o Comando da Brigada Militar e a todos aqui. Que esse espírito de solidariedade que nós vivenciamos nesse Clube e o espírito de suas palavras reinem em toda a Capital Porto-Alegrense. Sem dúvida nenhuma, seremos muito melhores. Muito obrigado.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h02min.)

 

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